quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O BEBÊ? A BEBÊ?

Frequentemente ouvimos frases do tipo "Sexta vou visitar tua bebê"; "-Teu bebê tá lindo" "-Não é um bebê; é uma bebê".

Particularmente, nunca gostei da forma feminina desta palavra. Prezo sempre pela EUFONIA (som agradável). Mas, hoje, vendo uns comentários no Facebook, resolvi mergulhar nos dicionários: de uso, etimológico e ortográfico (nos populares Aurélio e Houaiss, também).


Pasmem: eles não se entendem quando o assunto é bebê, bebê!


Vamos aos fatos


Existem três tipos de Substantivos:


Os Substantivos Biformes, que apresentam duas formas: uma para o masculino, outra para o feminino, com apenas um radical.

Ex.: menino - menina; pato - pata; prefeito - prefeita

Os Substantivos Heterônimos, que apresentam duas formas: uma para o masculino, outra para o feminino, com radicais diferentes.
Ex.: homem - mulher; bode - cabra

Os Substantivos Uniformes, que apresentam apenas uma forma para ambos os gêneros. Classificam-se em:
  • comuns-de-dois - são os que têm uma só forma para ambos os gêneros. Como saber o gênero? O artigo revela: o estudante - a estudante; o intérprete - a intérprete.
  • Os sobrecomuns - são os que têm uma só forma para ambos os gêneros, inclusive o artigo que o acompanha: a criança; o apóstolo; o ídolo.
  • Os epicenos - são os que têm uma só forma para ambos os gêneros de certos animais, acrescentando as palavras "macho" e "fêmea", para se distinguir o sexo do animal: a girafa; o escorpião; o tatu.

Vamos ao nó: BEBÊ

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o dicionário Houaiss dizem que a palavra bebê é substantivo "comum-de-dois". Neste caso, pode-se falar: "o bebê; a bebê".

Os dicionários de Uso (Francisco da Silva Borba), Etimológico e Aurélio dizem que a palavra bebê é substantivo "sobrecomum". Neste caso, pode-se falar apenas "o bebê", tanto para MENINO, quanto para MENINA. Tem a mesma classificação de gênero da palavra criança, por exemplo. Como em frases do tipo: 

-Pega tua criança pela mão. (Criança se referindo a um menino, por exemplo.)

-Teu bebê já nasceu? (Bebê se referindo a uma menina, por exemplo.)

Desatando o nó

Como eu disse no início, prezo pela EUFONIA. Acho que soa mal dizer "minha bebê", "tua bebê", "a bebê". Mas se você não concorda, não tem problema: afinal, como disse anteriormente, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o dicionário Houaiss registram a forma feminina.

Podem continuar a chamar "sua bebê" e assim irritar meus ouvidos, bebê!

11 comentários:

  1. Tu sabes que eu nem cheguei a terminar a graduação em Letras, né? Mesmo assim, na minha modesta opinião, eu também classificaria como sobrecomum. Tanto pela estética, quanto por parecer mais lógico colocar o substantivo "bebê" na mesma categoria de "criança". Já no caso da palavra "neném", que normalmente a gente usa de um modo mais coloquial, eu acredito que dá pra flexionar sem resquícios de culpa, hehe.

    Beeeijos, adorei o blog, e continua postando, que eu quero ver mais, hahaha!

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    1. Para mim, sinceramente, mesmo sem terminar, sua opinião vale mais... Muito mais que a de muitos mestres e doutores. Não esqueça que estudamos juntos, sentamos lado-a-lado, e você bem sabe do que estou falando.

      Concordo com a questão de "neném" também... Mesmo assim, eu não flexiono.

      Beijos também!

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    2. Bebé, ao que tudo indica, migrou de sobrecomum para comum-de-dois... pelo uso vulgarizado do... "erro". Algo semelhante se passou com a palavra "augado" que se pronunciava, corretamente de "aguado" em muitos locais (água na boca). Este veio do uso de "auga" no lugar de "água". Também foi aceite o uso do pretérito imperfeito no lugar dum dos tempos mais lindos dos nossos verbos... o "condicional". Estamos cheios de situações desse tipo. Vejam como piscina e aquário estão trocados!!!

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    3. Bebé, ao que tudo indica, migrou de sobrecomum para comum-de-dois... pelo uso vulgarizado do... "erro". Algo semelhante se passou com a palavra "augado" que se pronunciava, corretamente de "aguado" em muitos locais (água na boca). Este veio do uso de "auga" no lugar de "água". Também foi aceite o uso do pretérito imperfeito no lugar dum dos tempos mais lindos dos nossos verbos... o "condicional". Estamos cheios de situações desse tipo. Vejam como piscina e aquário estão trocados!!!

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  2. Acredito que bebê é um substantivo sobrecomum.O bebê Vale para ambos os sexos.É melhor deixar a gramática como Está,senão vão mudar as formas do sobrecomum.Ex:A vítima,o vítima.o criança e a criança...e como faremos com os nossos alunos,

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  3. Gostei destas informações! Obrigado!

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  4. Muito legal este "fórum"! Concordo em não sermos formais demais. Mas quanto mais preservarmos a nossa língua, melhor.
    Os veículos de comunicação bem que poderiam colaborar, reciclando seus interlocutores e redatores.
    Será que a audiência do Fantástico cairia se aquele quadro fosse grafado corretamente - "Cadê o dinheiro que *estava* aqui?" ?

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  5. Que triste não? Estas mudanças motivadas pela "vulgarização do erro"... Sempre com tendência de nivelar por baixo, como se fôssemos incapazes...

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  6. Gostei das informações
    Eu sempre falei
    O bebê para os dois sexos
    Hahaha

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  7. Eufonia é um critério nada científico para analisar se uma palavra esteja empregada certa ou errada. O som que pode ser desagradável para umas pessoa pode não ser para outras. a gramatica normativa se preocupa mais em classificar do que acompanhar a evolução do idioma.

    Mas isso não me surpreende. Fico com o VOLP e o Houaiss

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  8. Também odeio esse "a bebê" . Também odeio quando jornalistas (em matérias pré-preparadas) usam tá , tava, tão...

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