quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Apoi, viu?

Divagações sobre a famigerada expressão que invadiu as bocas dos jovens (principalmente "das" jovens) de nossa região (principalmente Tamandaré-PE)


Conta-se que há muito tempo, num país de nome ignorável, no interior da África, um macaco, sem ter instruções de ninguém, de repente, pegou uma banana e, antes de comê-la, descascou... Daquele dia em diante, todas as vezes que aquele animal ia comer aquela fruta, retirava as cascas. Os outros mamíferos da mesma espécie, imitando o primeiro, resolveram também sempre comer as bananas retirando as cascas, e depois, todos os macacos da África estavam comendo bananas descascadas.

Na mesma época, no Brasil, especificamente no estado do Pará, um macaco, sem ter contato algum com aqueles outros da África, resolveu retirar as cascas de uma banana antes de comê-la. Daí em diante, todas as vezes retirava as cascas dessa fruta antes de comê-la.  E assim como na África, os outros irmãos de espécie o imitaram, e hoje todos os macacos do Brasil sempre descascam as bananas antes de comerem-nas.

Aliás, hoje, todos os macacos do mundo comem bananas descascadas. Por causa de algum, em seu meio, que resolveu retirar as vestes da fruta em algum momento da história... Mesmo não tendo qualquer contato com os macacos do Brasil ou da África.

Fenômeno idêntico está acontecendo com a expressão "apoi, viu?". Uma espécie de muleta linguística que funciona como exemplo de linguagem fática, pois só serve para testar o canal de comunicação entre os interlocutores.
Os jovens não se viram... Não combinaram usá-la... Mas virou mania entre todos... Conhecidos e desconhecidos... Dos que estavam perto... Dos que estão distantes! A moda agora é o "apoi, viu?"
Não vou dizer que é feia ou bonita, porque se por um lado esse tipo de linguagem é gostoso de se ouvir, pois é bem típico do nosso "pernambuquês", por outro se torna irritante mediante a constância de repetições pelas pessoas que as usam... 
Em todo final de frase, aparece um sonoro "apoi, viu".


O que significa essa expressão?


Ela deriva do "apoi..." (variação de 'pois', que virou 'apois', que virou "apois pronto" ) meio esquecido. Tem um significado aproximado de "duvido", que pode ser substituído por "sei não, viu?" (esse viu no final tem o mesmo sentido de ouviu). Também "E eu num sei..." "Tô sabendo..." "É nada?" ou o antigo "Du-vi-d-o-do". Uma forma de não mostrar muita crença naquilo que se está ouvindo no momento... É isso!

Se você gosta da expressão, continue usando e irritando os meus ouvidos...

Se não gosta, fique calmo... Assim como outros modismos linguísticos, esse passa...

E EU NÃO VEJO A HORA! 




A pedido de Amanda Caroline, 2º "A" - EREM de Tamandaré.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

#FATO!

Queres inventar neologismos?
Escreve direito...

As palavras derivadas com o sufixo -aço podem apresentar muitos significados, como o de aumentativo, de golpe, de intensidade, ação, melhorativo e pejorativo.
A linguagem do futebol, por exemplo, usa muito esse sufixo:

Ex.: goleiraço, golaço...

Ele também aparece em palavras de uso cotidiano que, por conta da naturalidade do uso, não percebemos a presença do sufixo. Exemplos?

inchaço, estilhaço, espinhaço...

Ocorre que, no FACEBOOK, as pessoas empregam-no com o objetivo de aumentar o valor semântico do substantivo FATO. Só que muitas pessoas escrevem com SS... Não sei se os dicionários registram, mas se há uma possibilidade na língua, de agregar afixos às palavras primitivas, escreve-se com Ç.

Neste caso: FATAÇO 

E nunca (jamais): FATASSO 

E segue a vida, com teus neologismos... 

terça-feira, 12 de março de 2013

Ordem Inversa: ah, maldita!

Oração: é um enunciado (aquilo que a gente fala) organizado em torno de um verbo (uma frase com verbo, para simplificar).

Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado (apesar de existir oração sem sujeito).

Quando na oração tiver sujeito, o verbo tem sempre que concordar com ele (chama-se concordância verbal).

O sujeito (termo da oração do qual a gente fala alguma coisa) pode vir no começo, no meio ou no fim da oração. Exemplos:

Eles chegaram cedo naquela manhã. (Ordem direta)

Naquela manhã, eles chegaram cedo. (Mesmo com o sujeito no meio, é chamada de ordem direta porque o sujeito vem antes do verbo.)

Chegaram cedo naquela manhã eles. (Ordem inversa)

O nó

Geralmente, as pessoas pecam na concordância quando falam (ou escrevem) na ordem inversa. Isso acontece porque as pessoas perdem o coitado do sujeito plural no caminho... Isso mesmo: "plural"!

Exemplo: Existe muitas coisas entre o céu e a terra. 

(Observe que o verbo deveria estar no plural, pois o sujeito desta oração é o termo "muitas coisas".)

A Gramática é tão boazinha que quando o sujeito composto vem posposto ao verbo, em vez de concordar no plural com a totalidade, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do sujeito mais próximo. Lembrando que isso é uma opção, e não uma obrigação.

Exemplo: Faltou coragem e competência ao time, para vencer a partida. (Não esqueça: Faltaram coragem e competência ao time, para vencer a partida. Também está correta)

O porquê do post (Lembram dos porquês?)

Postagem do ótimo Blog do Torcedor (pode ser visto aqui: http://jc3.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/canais/noticias/2013/03/11/hugo_e_punido_com_quatro_jogos_de_suspensao_no_pernambucano_147525.php).

Quando o assunto é futebol, ninguém ganha do site: eles marcam em cima. Tudo do futebol pernambucano está presente lá.

Mas, de uns dias pra cá, o pessoal comandado por Marcelo Cavalcante tem escorregado um pouco nas malícias da língua. E uma delas é a ordem inversa da oração.

Desatando o nó

Vou diretamente aos trechos em questão: "O jogador se envolveu em uma polêmica no jogo contra o Serra Talhada que, até então, tinha rendido apenas críticas negativas da torcida rubro-negra ao atleta."
Quem é o sujeito deste verbo? Críticas negativas!
No singular ou plural? Plural!
E o verbo? Singular...

Outra: "No entanto o jogador deverá continuar no Recife por mais três jogos seguidos, visto que ele ficou de fora do último duelo contra o Ypiranga e, portanto, resta mais três jogos de suspensão."


Quem é o sujeito deste verbo? Três jogos!
No singular ou plural? Plural!
E o verbo? Singular...


Nos dois casos, era só colocar "tinham" e "restam"... Devem estar dizendo: "Ah, 'm' desgraçado..."
Eu vou mais longe: digo: "Ah, ordem inversa maldita..."

Sabem por quê? Vivemos num tempo da Lei de Murphy... No segundo parágrafo do mesmo post do Blog do Torcedor em questão, ainda vêm com essa: "Passada o mau momento"

Ah, Ordem Inversa maldita!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Saber o porquê de tudo, não significa saber tudo, porque nós não sabemos por que nascemos... Às vezes fico me perguntando: afinal, nascemos por quê?

Emprego de por que, por quê, porque, porquê

 Por que 

- Preposição por + pronome interrogativo. Emprega-se em frases interrogativas diretas ou indiretas. Equivale a
 por qual motivo. 

Por que chegou tarde? 
Explique-me
 por que chegou tarde. 

- Preposição por + pronome relativo. Equivale
 a pelo qual.

Contou-me o motivo
 por que não veio.

 Por quê 

- Preposição por + pronome interrogativo. É o mesmo "por que" anterior, só que é usado em final de frase ou antes de pausa significativa. (Observe que o "por que", assim, sem acento, vem no início ou no meio das frases)

Você chegou tarde
 por quê?
Não sei; não sei
 por quê... talvez por distração...

 Porque 

Conjunção causal, explicativa ou final. Equivale a
 visto que, pois, para que.

Cheguei tarde
 porque meu carro quebrou.

 Porquê 

- Substantivo. Equivale às palavras
 razão ou motivo. 

Não sei o
 porquê de tanta briga.
Ela tem os seus
 porquês. 

Ahhhhhhhh... Mas a internet simplifica tudo... Todo esse amontoado de regras virou o pequeno e simples "PQ"!

P.S.: a pedido de Thays Galdino, ex-aluna do 9º ano!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O BEBÊ? A BEBÊ?

Frequentemente ouvimos frases do tipo "Sexta vou visitar tua bebê"; "-Teu bebê tá lindo" "-Não é um bebê; é uma bebê".

Particularmente, nunca gostei da forma feminina desta palavra. Prezo sempre pela EUFONIA (som agradável). Mas, hoje, vendo uns comentários no Facebook, resolvi mergulhar nos dicionários: de uso, etimológico e ortográfico (nos populares Aurélio e Houaiss, também).


Pasmem: eles não se entendem quando o assunto é bebê, bebê!


Vamos aos fatos


Existem três tipos de Substantivos:


Os Substantivos Biformes, que apresentam duas formas: uma para o masculino, outra para o feminino, com apenas um radical.

Ex.: menino - menina; pato - pata; prefeito - prefeita

Os Substantivos Heterônimos, que apresentam duas formas: uma para o masculino, outra para o feminino, com radicais diferentes.
Ex.: homem - mulher; bode - cabra

Os Substantivos Uniformes, que apresentam apenas uma forma para ambos os gêneros. Classificam-se em:
  • comuns-de-dois - são os que têm uma só forma para ambos os gêneros. Como saber o gênero? O artigo revela: o estudante - a estudante; o intérprete - a intérprete.
  • Os sobrecomuns - são os que têm uma só forma para ambos os gêneros, inclusive o artigo que o acompanha: a criança; o apóstolo; o ídolo.
  • Os epicenos - são os que têm uma só forma para ambos os gêneros de certos animais, acrescentando as palavras "macho" e "fêmea", para se distinguir o sexo do animal: a girafa; o escorpião; o tatu.

Vamos ao nó: BEBÊ

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o dicionário Houaiss dizem que a palavra bebê é substantivo "comum-de-dois". Neste caso, pode-se falar: "o bebê; a bebê".

Os dicionários de Uso (Francisco da Silva Borba), Etimológico e Aurélio dizem que a palavra bebê é substantivo "sobrecomum". Neste caso, pode-se falar apenas "o bebê", tanto para MENINO, quanto para MENINA. Tem a mesma classificação de gênero da palavra criança, por exemplo. Como em frases do tipo: 

-Pega tua criança pela mão. (Criança se referindo a um menino, por exemplo.)

-Teu bebê já nasceu? (Bebê se referindo a uma menina, por exemplo.)

Desatando o nó

Como eu disse no início, prezo pela EUFONIA. Acho que soa mal dizer "minha bebê", "tua bebê", "a bebê". Mas se você não concorda, não tem problema: afinal, como disse anteriormente, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o dicionário Houaiss registram a forma feminina.

Podem continuar a chamar "sua bebê" e assim irritar meus ouvidos, bebê!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Observar o "português" é uma boa maneira de evitar vírus


E-mail que recebi:

Arquivo(s) em Anexo(s) : Comprovante.pdf
Desculpe a demora mas só conseguir fazer a transferência agora.
Segue na mensagem em anexo o comprovante de transferência.
Qualquer dúvida estou a disposição.

Atenciosamente.

Pedro Rabelo


Minha Resposta

Senhor Rabelo:

Quando me mandar um vírus, retire o "s" da palavra anexo, pois quando ela vem depois de preposição, permanece no singular.
Verbos flexionados no pretérito perfeito do indicativo não têm "r" no final, a forma correta deveria ser "só consegui". (Principalmente neste caso, que o Senhor está usando uma locução verbal, portanto apenas o segundo verbo fica no infinitivo).
A expressão "à disposição" (o mesmo que "ao seu dispor") vem sempre com acento grave.
Depois do "Atenciosamente", usa-se vírgula!

Se quiser que eu clique no link da próxima vez, observe os erros.

Obrigado e volte sempre!