Deu Onda (Versão Explícita)
MC G15
Eu preciso te ter
Meu fechamento é você, mozão
Logo que se inicia a
leitura da letra desta música, nota-se que ela é toda elaborada em primeira pessoa,
trata-se do “eu” lírico, que se refere à subjetividade, ao íntimo, à descrição
dos sentimentos e de suas necessidades, tanto amorosas quanto sociais. Observa-se,
assim, um ser muito solitário e carente, além de um narcisista e egoísta,
características evidenciadas pelos usos dos pronomes “eu” e “meu”.
Eu não preciso mais beber
E nem fumar
maconha
Que a sua
presença me deu onda
Nota-se também a
presença de várias características de comportamento social do “eu” lírico. A
partir desses três versos supracitados, pode-se estereotipar o ser como um “viciado
em drogas lícitas e ilícitas”, tratando sua abstinência com a presença da
mulher amada, mas, nesse caso, tratando-a como objeto de satisfação de suas necessidades
físicas, mais especificamente, fisiológicas. Ou como substituição dessas necessidades, haja vista o uso do verbo “precisar”.
O seu
sorriso me dá onda
Você
sentando, mozão, me deu onda
Esses dois versos
acima só reforçam o que foi dito anteriormente, mas com uma ressalva: aqui o “eu”
lírico esboça elogios à pessoa amada, fazendo referência clara ao seu sorriso. No
entanto posteriormente reforça o seu instinto egocêntrico, pois tal referência
ao sorriso só é possível porque ele (o sorriso) “dá onda” ao ser, ou seja,
provoca no “eu” lírico a mesma sensação que uma bebida ou um cigarro de
maconha. Há também elogios ao modo de “sentar” da pessoa amada, uma clara
referência ao ato sexual, o que veremos mais detalhadamente na análise dos
versos abaixo.
Que vontade
de fuder, garota
Eu gosto de
você, fazer o quê?
Meu pau te
ama
Nesses três versos
acima, ou quatro, pegando o último da outra estrofe, fica nítido o efeito
provocado pelo uso demasiado das drogas na mente do “eu” lírico. Ele não sabe
mais, nessas descrições, quem é ele ou quem é seu membro sexual. Pois no verso
2 o ser usa o verbo gostar em primeira pessoa, fazendo referência a ele mesmo.
Já no verso 3, ele faz referência ao seu órgão sexual (de forma pejorativa) com
a utilização do verbo amar. O que, nesse caso, deveria acontecer o contrário.
O uso do primeiro
vocativo (mozão) no início da letra, deixa implícito o gênero da pessoa amada,
no que, no primeiro desses três versos acima, o uso do vocativo explicita que
se trata de uma mulher. Já no segundo verso, a pergunta remissiva feita no
final da frase denota que o “eu” lírico não tem outra opção, já que gosta da
garota. Talvez preferisse álcool ou outro entorpecente, mas se conforma com a
presença da mulher amada.
Que vontade
de fuder, garota
Eu gosto de
você, fazer o quê?
A repetição dos versos
acima denuncia o desespero do “eu” lírico por sexo. Também confirma o que foi
dito anteriormente: o “eu” lírico tem que se conformar apenas com a garota,
que, nesse caso, com essa repetição, não concorda com o uso de drogas por parte
do namorado (ou amante, ou ficante, ou peguete, ou quebra-galho...), uma vez
que esse “fazer o quê?” indica que ele não concorda com a opinião dela, mas
deixa claro que o sexo com ela é muito bom para ele.
Meu pau te
ama, é
Meu pau te
ama
Meu pau te
ama, é
Meu pau te
ama
A repetição exagerada
desses últimos versos, além de confirmar o desespero por sexo, como foi dito
anteriormente, mostra claramente o perfil tarado do “eu” lírico, que atribui
sua sede sexual ao seu aparelho reprodutor masculino, se eximindo da culpa de
querer se relacionar com a mulher.
De maneira geral, e
usando o vocabulário exótico e vulgar do “eu” lírico, pode-se traçar um perfil psicossocial
da pessoa que fala no texto: um homem bêbado, drogado e tarado.