"Não me convidaram pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me ofereceram nenhum cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Brasil, mostra a tua cara
Quero ver quem paga pra gente ficar assim
Brasil, qual é teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim (...)"
Quando fazia pós-graduação pela UPE, presenciei a
apresentação de um trabalho de análise sintática de uma equipe de alunas,
colegas da sala. Na apresentação, havia a análise da letra da música de Cazuza,
escrita acima. A equipe se equivocou na hora de "destrinchar" os
termos das orações onde havia vocativo. Eu, inocentemente, corrigi, o que se
transformou num dos maiores traumas da minha vida. As meninas saíram da sala
envergonhadas e algumas choraram nos corredores por vergonha, haja vista, já
eram professoras, algumas delas concursadas.
Mas deixemos essas histórias (e traumas) para lá... Vamos ao
Vocativo.
Vocativo vem do latim “vocare”, que significa “chamar”
(donde vem o substantivo “vocação” em português). Não faz parte, na oração, do
sujeito ou do predicado. É um termo isolado. No caso, vocativo é utilizado
portanto para chamar alguém, para se dirigir diretamente a alguém, como nas
frases abaixo:
Menina, chama a tua mãe!
Brasil, mostra a tua cara!
Força, Chape!
Muitos confundem o vocativo com o sujeito. Por isso deixam a
vírgula para lá. Para acertar sempre, lembre-se de dica superútil. O vocativo
pode ser antecedido de ó. O sujeito não:
Parabéns, Ribeiro! (Parabéns, ó Ribeiro! Ó Ribeiro,
parabéns!) - Nesses exemplos, o termo Ribeiro classifica-se sintaticamente como
vocativo.
Ribeiro é professor de Português. (Ó Ribeiro é professor de
Português.) - Sem chances... Nesse exemplo, o termo Ribeiro é sujeito, por
isso, anteceder a conjunção de chamamento "ó" deixa a frase sem nexo
(e bem feia). Não pode.
O assunto vocativo aparece com força agora, por causa do
triste acidente envolvendo a equipe da Chepecoense... Do acidente, todo mundo
sabe... O que talvez não saibam é o uso da vírgula, antes do vocativo, como
aparece no exemplo acima.
Usar #FORÇACHAPE em hashtag é normal e não apresenta erro,
desvio, inadequação da língua de forma alguma, uma vez que não há regras na
Língua Portuguesa para o uso das hashtags.
No entanto, ao escrever, de forma normal, sem o # (jogo da
velha), o uso da vírgula é obrigatório... Pelo menos para quem quer escrever
corretamente!
Força, Chape!
#ForçaChape