sábado, 10 de dezembro de 2016

#FORÇACHAPE

"Não me convidaram pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me ofereceram nenhum cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Brasil, mostra a tua cara
Quero ver quem paga pra gente ficar assim
Brasil, qual é teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim (...)"

Quando fazia pós-graduação pela UPE, presenciei a apresentação de um trabalho de análise sintática de uma equipe de alunas, colegas da sala. Na apresentação, havia a análise da letra da música de Cazuza, escrita acima. A equipe se equivocou na hora de "destrinchar" os termos das orações onde havia vocativo. Eu, inocentemente, corrigi, o que se transformou num dos maiores traumas da minha vida. As meninas saíram da sala envergonhadas e algumas choraram nos corredores por vergonha, haja vista, já eram professoras, algumas delas concursadas.

Mas deixemos essas histórias (e traumas) para lá... Vamos ao Vocativo.

Vocativo vem do latim “vocare”, que significa “chamar” (donde vem o substantivo “vocação” em português). Não faz parte, na oração, do sujeito ou do predicado. É um termo isolado. No caso, vocativo é utilizado portanto para chamar alguém, para se dirigir diretamente a alguém, como nas frases abaixo:

Menina, chama a tua mãe!

Brasil, mostra a tua cara!

Força, Chape!

Muitos confundem o vocativo com o sujeito. Por isso deixam a vírgula para lá. Para acertar sempre, lembre-se de dica superútil. O vocativo pode ser antecedido de ó. O sujeito não:

Parabéns, Ribeiro! (Parabéns, ó Ribeiro! Ó Ribeiro, parabéns!) - Nesses exemplos, o termo Ribeiro classifica-se sintaticamente como vocativo.

Ribeiro é professor de Português. (Ó Ribeiro é professor de Português.) - Sem chances... Nesse exemplo, o termo Ribeiro é sujeito, por isso, anteceder a conjunção de chamamento "ó" deixa a frase sem nexo (e bem feia). Não pode.

O assunto vocativo aparece com força agora, por causa do triste acidente envolvendo a equipe da Chepecoense... Do acidente, todo mundo sabe... O que talvez não saibam é o uso da vírgula, antes do vocativo, como aparece no exemplo acima.

Usar #FORÇACHAPE em hashtag é normal e não apresenta erro, desvio, inadequação da língua de forma alguma, uma vez que não há regras na Língua Portuguesa para o uso das hashtags.


No entanto, ao escrever, de forma normal, sem o # (jogo da velha), o uso da vírgula é obrigatório... Pelo menos para quem quer escrever corretamente!

Força, Chape!


#ForçaChape

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